sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Adormeço em mim


Encosto a cabeça na almofada, o meu corpo estendido sobre o colchão. A única luz que me ilumina é a da lua, da noite que aguarda lá fora pelo sol, acompanhada das estrelas, essas imensas que representam cada história minha. A minha mente salta de dentro de mim, libertando-se num acto mágico e viaja pelos recantos de outras vidas. Desloco-me até um espaço que me pertence, até um tempo que guardo eternamente.
Imagino antes de adormecer, um mundo fotográfico que me aquece o coração e me mantém erguido! Fantasio histórias carregadas de personagens que se vão cruzando no meu caminho, colocando-lhes na mão um papel que infelizmente não representam.
Perco-me na imaginação, nas contas somadas na minha cabeça, nos totais que constantemente são positivos. Sorrio num mundo de sonhos despertos no meu leito, em carícias a um, em que abraço o meu próprio corpo com os braços de outra pessoa.
Relato descrições minuciosas, e chego a partilhar diálogos que se perdem nas horas… Esses ponteiros que vão caminhando no lado oposto do meu andar! Tento pregar rasteiras aos relógios para que parem, mas nunca consigo mais do que um segundo de felicidade. Por isso, aqui, em mim, neste paraíso encantado, em que apenas habita a minha existência e as milhares de pessoas que pretendo, posso parar o tempo, fazer com que o mundo não gire mais, com que as estrelas apenas iluminem a minha casa. Aqui sou eu quem possui o comando da vida!
E não pretendo escutar o que me magoa, o que me fere, o que me rasga a sobrevivência. Quero apenas inundar-me de momentos regados de paixão. Aqui digo basta a esta solidão! Deleito-me com um corpo que me ama, beijo uma boca que ferve paixão por mim, abraço partículas que me fazem desejar dali não mais sair! E em tudo isto, consigo retribuir o que me dão, tenho a oportunidade de não fingir.


Preciso tanto de sentir algo perto de mim. Largar as mãos á volta do mundo, e sentir que existe alguém que nelas segura. Continuo a adormecer... em mim, para não me magoar!