segunda-feira, 31 de março de 2008

Já não sinto o que tenho em mim!


Procurei vezes que nem recordo a quantidade, palavras que me possam ajudar a sair desta bola de fumo em que me insiro nesta passagem. Um momento de inspiração que me faça desabafar a mágoa que sinto no peito, o terror que vivo na minha mente, o gosto a sangue que tem a minha própria saliva. Procuro há dias, mas nada acontece! Continuo a ver à minha volta esta neblina escura que me cega o ser.
Tento chegar-lhes, a eles, aqueles que se predispõe a estar ao meu lado, com palavras doces, habituais no que sou. Tento rir, gracejar e brincar. Tento bloquear o que está a acontecer comigo, agora. Mas é tudo em vão! A única coisa que cuspo são palavras odiosas e de luto. Brutamontes de palavrões. Frases quase monossilábicas que não deixam até os mais corajosos aproximarem-se de mim. E se tento chorar…
Não consigo! E já desisti deste verbo que só me dá o seu antónimo. Olho ao meu redor. Negro que sei não existir. Olho por dentro. Uma mágoa que não entendo. Sinto um bicho que me vai consumindo lentamente. Algo viscoso que me penetrou e que não quer sair. Deixai-o estar, faz-me companhia!
Se houveram alturas em que me senti deprimido, este é um novo estado que parece ter evoluído uns degraus. É uma espécie de depressão revestida de revolta e rancor. De ódio e solidão. Parecem vinte e um anos unidos para me matar. O culminar da minha desgraça. Desgraçada vida de sofrimento!
E já só penso em fugir. Em desistir. Em não agarrar mais a vida pela manhã. Quero não ver o sol brilhar novamente. Olhar para a lua pela última vez. Despedir-me do que tenho e entregar-me de braços abertos para uma vida (e será que a há?), para lá desta tão dissimulada e artificial.
Estou no caos! Na confusão! Num ardil minuciosamente criado para me fazer ruir. Já não sei se me fico, se me vou. Sei que já não sinto o que tenho em mim.

sábado, 22 de março de 2008

Hey!


" Anda cá. Tens dois minutos? Ou fazem-te falta? Sabes o que faz realmente falta? Mais loucura. Mais malucos. Não os " grandes malucos " mas os verdadeiros e as verdadeiras. Aqueles que perdem tempo para falar com os pombos; que vêem quadros onde os outros só vêem paredes; os aventureiros e as aventureiras que acreditam, ainda, haver qualquer coisa no fim do arco-íris. O verdadeiro poder é tu decidires o mundo à tua volta; questionar o estabelecido, as certezas e os costumes, para acreditar que tudo pode ser diferente. É preciso mais absurdo, mais ideias insensatas. Cinco bailarinas a jogar à bola de tutu cor-de-rosa. Passeios cobertos com relva e flores. Ou, muito simplesmente, trepar a uma árvore quando te apetece. Tu é que mandas. Se gostas de música pirosa, gostas e pronto. Queres cantar alto no meio da rua, deixa-te ir. Se preferes não dar muito nas vistas, anda nas calmas. É preciso rirmos e dançarmos e darmos abraços e beijinhos. O importante é levarmos tudo mais a brincar; até as coisas sérias. "

quarta-feira, 19 de março de 2008

A little thing can make you Happy :)


Apenas isto!

Apenas um gesto... Uma palavra... Um olhar sincero!

Uma pequena partícula... Um pouco do ser, um pouco que se transforma, revelando-se numa quantidade à muito pedida.

Não quero falar. Não quero dizer para não agoirar.

Quero apenas, e novamente, sentir.

Assim vou contínuar... Deixando-me ir!

Para a terra do nunca, para um lugar por descobrir. Para um longe tão perto.

E não tenho medo de me perder, sei que me vou encontrar.

A little thing can make you happy!

segunda-feira, 17 de março de 2008

Banca Rota


Perco-me a tentar preencher os espaços em branco em que vou tropeçando. Distraio-me infinitamente a tentar encher caixas de cartão cheias. E permaneço assim, para além da vida, para além das horas que não param para me verem na minha distracção.
Estou num ponto em que me sinto frio. Em que quero repelir todos à minha volta por duvidar de tudo. Quero um nada que vale tudo, um todo que se desvenda nada!
Prossigo o meu andar e sinto sono. Preciso de dormir. De bater a cabeça com força contra a almofada e adormecer! Mas isso significaria a minha desistência, e já há muito que deixei de ser um cobarde. Pelo menos não a tempo inteiro.
Mas o agora já não me interessa e nem quero pensar nessa luz ao fundo que se veste de futuro. Não vou traçar mais planos a longo prazo. Contas poupanças que não acumulam juros. Não posso continuar a investir quando não obtenho lucro. E como me sinto na banca rota. Sinto que comprei as acções erradas!
Assim me encontro em mim. A enfraquecer, a tentar não dar a perceber, a buscar euforia quando apenas tenho a tal brisa vazia. Bato-me no rosto! Tento agir. E até me vejo a caminhar, a tentar poupar para investir novamente, mas acho que não tenho jeito para este tipo de negócios. Saiu sempre a perder!

terça-feira, 11 de março de 2008

Abre-te Sésamo!



Não quero perder tudo o que tenho, mas receio já ir tarde...!
Sinto um vazio enorme por dentro. Parece que toda a minha chama se extinguiu. Que toda esta garra para vencer se desmorenou.
Sai de mim feitiço. Deixa-me com a minha paz!
E não são as pessoas que me fazem mal, sou eu que me espanco nesta revolta interna que não entendo.
Abre-te Sésamo!
Mostra-te resposta que insiste em não surgir!
Não entendes que já não estou aqui? Que não sei por onde vou?
Perco-me mais um pouco... quando cheiro a saída no ar cegamente!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Auto Mutilação



Cantam os pássaros, soam as letras no meu papel. A vontade que tenho é a da simples divagação, e nem me apetece encontrar um tema que me motive desabafar nas linhas. Tenho vontade de me drogar e voltar num estado alucinado, e aí sim, encontrar uma razão para me expressar. Não preciso de chorar, porque as lágrimas já secaram. Não quero sorrir, pois estou demasiado sedado de raiva para tal, e nem vou abrir a boca para conversar… tenho vontade de bocejar!
Ao meu redor, paletas de tinta que olham para mim, para este pincel, e desejam ser juntadas no meu degrade pessoal. Mas não quero. Estou farto de pintar sempre da mesma maneira. As mesmas cores, os mesmos tons… e se pelo menos atingisse a harmonia. Por agora agarro nas paletas, e deito-as fora. Não quero mais ser pintor. Serei antes escritor, pelo menos aí apago as palavras sem ter de as deitar fora…
É noite, a escuridão, uma luz dirigida para esta cadeira onde me sento e fumo o tal cigarro pensativo de outrora. A divagação, novamente? Nem dela saí.Aperto as mãos com garra! Basta! Porquê é que insistes em disparatar quando o mundo pelo menos uma vez se desloca com a tua direcção? Serás assim tão cego, ou gostas de sofrer? Idiota! Há quem goste de se auto mutilar fisicamente, a tua onde deve ser mais psicológica! Fazer mal a ele próprio vezes sem conta, com um pequeno martelo imaginário colocado na cabeça, que vai batendo as vezes contadas.Deve ser isso! Acho que acabo por encontrar o tal tema de que preciso. A auto mutilação! Será que existe algum parâmetro para quem o faz psicologicamente? Sim, todos o fazemos diariamente, em segredo, num sussurro imperceptível. Mas, e quem o faz constantemente, mesmo quando não há razões para tal? E que fiquem Já sentados os milhares de psicólogos que por aí vêem. Quero só tentar perceber, com gente normal, sem comprimidos, sem divãs, sem um relógio com um ponteiro que estrangula, e sem a tal factura ardente ao final do mês.
Imaginem… Conversa de café. Duas pessoas sentadas frente-a-frente. O sol vai brilhando, (ou será melhor ser de noite para dar mais ambiente?), o sol continua a brilhar… Adiante. Conversa de café. Podem ser dois amigos. Dois amantes nunca, estragavam a imaginação com as suas carícias constantes, e neste momento a azia que sinto faz-me enjoar com tais pombinhos. Ora bem, a conversa! Um fala incessantemente, o outro escuta. (A esta altura já devia estar a cobrar a consulta, mas não o faz. Os amigos são para quê?) O que fala disparatadamente, vai ficando vermelho por não entender metade dos acidentes que decorrem á sua passagem. Esmorece quando fica sem fôlego, grita quando está numa parte com mais acção! Entretanto, o monólogo dá-se por vencido e entra o olhar (o que nunca de lá tinha saído), inquisidor, avaliador. O amigo olha para o drama à sua frente, e questiona. – Mas tanto drama para quê?
O vazio… A resposta desta vez tarda em surgir do outro lado da mesa… E é aqui que deveria entrar a tal resposta que procuro! A resposta à mutilação psicológica que pratico demasiadas vezes. Mas não consigo inventar uma resposta… A conversa de café fica suspensa até a ter com alguém que me saiba responder!E de volta à divagação! Se é que dela alguma vez sai. E por vezes é isso mesmo que penso de mim, que sou um qualquer divago, uma ideia que passa sem deixar rasto, e aí volto aquele ego que constantemente está lá no fundo, e toda aquela parafernália de dúvidas existenciais. Mas sobre isso, haverão mais outros milhares de textos.
Um pequeno pólen de uma flor… um cheiro que se embrenha na minha pele… um nojo de mim próprio que me rasga o olfacto! Sinto-me uma pérola reluzente perdida no fundo do mar. Foi difícil conseguir chegar aqui. Conseguir brilhar por entre o azul do oceano. Tarefa árdua que levei anos a lapidar. Mas finalmente consegui, e agora? Ainda não estou perfeito, porque como qualquer relíquia, não existe perfeição, mas sinto-me oponente no meu brilhar.
E é nestas partes em que sorrio para mim próprio, para este papel onde revejo tudo o que dito nos dedos. Quando encaixo o português na tal harmonia que não consigo recriar nas paletas. E o mais estúpido (deixei continuar o meu mau trato) é que até sei tantas respostas às questões que me coloco, mas é mais cego o que não quer ver…

sexta-feira, 7 de março de 2008

Estou aqui!


Porque é que a felicidade me despreza? Porque é que me afastam como se de lixo me tratasse? Não entendo estes porquês que me perseguem como se eu fosse um bandido, um qualquer ladrão que já tivesse a sentença marcada! Sinto que a pena de morte vem no meu alcance e que já nada posso fazer, estou na linha em seu alcance…
Tento conter as lágrimas que querem saltar dos meus olhos, mas em vão. A solidão alastra-me como um vírus que já não tem cura, e sinto-me ser possuído por esta doença que só piora de dia para dia. E ver que ao meu redor tudo se acaba por encaixar, que parece ser mais fácil para os outros.
Odeio todos aqueles que apenas amam o belo, o que seduz o mundo, e que se esquecem que também existem pessoas de igual beleza interior. Estou aqui! Eu sei que posso não ser atraente, que posso não despertar os maiores desejos sexuais num primeiro olhar, que com toda a certeza não sou o mais belo ser à face desta terra. Mas bolas! Tenho tanto para dar! Sou tanto… Sou aquele que ama as pequenas peças que compõem este puzzle. Aquele que tanto trabalho teve para deixar cair uma máscara que tantos utilizam. Estou aqui! Sem esquemas, sem jogos, apenas com a certeza eterna de que possuo em mim, uma beleza interior capaz de derreter blocos de gelo.
Não quero que pensem que me sinto superior aos outros, até porque nunca é isso que penso acerca de mim. Queria apenas que se dessem ao trabalho de me dar uma oportunidade, um benefício da dúvida! Até porque o meu exterior permite que exista uma aproximação… Não sou nenhum bicho-do-mato! Vejam para além desta roupagem que me ilustra, olhem com olhos de gente e sentem-se comigo na esplanada da vida numa conversa amena. Podem descobrir tanto por me darem apenas quinze minutos da vossa atenção! Só pretendo apenas isso, um interesse sincero pela chama que temos cá dentro e não por esta fogueira exterior.
Também é certo que muitas vezes as vontades são diferentes, e pode acontecer eu querer algo tão intenso que assuste quem se aproximar. E em relação a isso, apenas digo que quero afastado de mim todas essas ligações momentâneas. Não quero acordar amanhã com a consciência de que vivi mais um momento passageiro, carnal, meramente sexual. Não entendem que quero construir algo?
Será que o nosso país, este mundo em que vivemos, carece de arquitectos? Eu bem os vejo a projectar casas e prédios, centros comerciais e estádios de futebol. Mas e que tal passarem a construir relações? Para isso não é preciso estudar. Não é necessário matarmos a nossa cabeça com geometrias. Basta querermos e trabalharmos em prole disso. Se esta atitude fosse levada em conta mais vezes, talvez víssemos mais cabanas à beira-mar… Cercadas de pegadas de felicidade!
E aqui contínuo no meu pranto, neste sufoco constante, que ora uns dias ataca, outros se afasta para me deixar respirar. O que é certo é que nada disto se resolve, que aquela altura em que tudo se resolverá nunca mais chega! “ Tem calma, um dia surpreendes-te, e quando não tiveres à espera encontras alguém!” Se soubessem o quão cansado estou de ouvir esta frase… Apetece-me rasgar a boca de quem tantas vezes me dá estes conselho! Não por maldade, porque sei que é dito com carinho e amizade, mas sim porque não existem momentos certos, porque não existem verdades absolutas em que a magia surge com pozinhos brilhantes. Então permaneço aqui, à espera que esse tal encanto chegue num recanto gélido que me parece eterno.
Estou aqui, pedaço de uma história que ninguém quer ouvir. Aqui me canso nos dias que passo a sofrer, em segredo, sem que ninguém perceba que afinal não sou tão forte como aparento ser. Aqui estou, escondido no meu quarto, local para onde não quero ir quando chega a noite, por saber que é aqui que me encontro comigo próprio e vejo no espelho o rosto da solidão! Estou… onde? Quando chega o sonho já não estou mais aqui, vou para longe, até onde a minha imaginação vence os limites, e aí, encontro os pequenos grãos que me fazem sorrir! Quero ficar ali, e não aqui…
Chega de me ignorarem, chega de fingirem que não estou aqui! Estou exausto de passar despercebido por entre os bafos de amor, de apenas ser reparado quando é para ser apontado por ser diferente! Sou gay, e então? Eu sou parte integrante desta sociedade, quer queiram quer não, e se querem que vos diga, muitas vezes sinto-me mais pedaço de gente do que muitos que por aí se passeiam na sua grandeza! Pena não ter esta força diariamente, e me lançar para o fundo do poço constantemente.
Podem dizer que sou incoerente, que possuo em mim a chave da felicidade, e que apenas eu posso sair deste estado deprimente. Mas não é simples, não é tão fácil falar como fazer. Posso sentir a fortaleza de uma muralha da china, posso durante o dia mostrar uma armadura indestrutível, mas basta olhar bem fundo nos meus olhos para ser perceptível o meu sofrimento. Cá dentro vive esta bomba de ar negro que não me deixa respirar, que me aperta o pescoço. Por dentro, toda a minha alma grita por algo tão escasso que só me faz chorar ainda mais!