domingo, 6 de janeiro de 2008

Um começo que recomeça


As primeiras palavras deste novo ano, o primeiro raciocínio que se vislumbra na minha mente. As sílabas melódicas que se vão soltando no meu ouvido, e eu sentado neste divã, pernas cruzadas, divagando com a caneta que tão gentilmente tantas vezes utilizo para patentear o que sinto…
O dia já amanheceu e consigo deixou para trás mais uma noite de viragem, uma noite de marcação, a noite das doze badaladas, das doze passas, dos desejos! Esses desejos que a noite registra em uníssono e que nos deixa a sonhar com uma possível realização.
Por agora já todos dormem, ou pelo menos exigem isso dos respectivos corpos, e eu, este divã, a caneta, o dia que já amanheceu lá fora.
A natureza envolve a acção desta passagem, coberta de misteriosos sons, de doces cores, da neblina que por vezes nos cega, do frio normal para a época do ano. Eu, sentado, o quente do meu corpo!
Preciso levantar-me, ou será que não? Valerá a pena adormecer num dia em que se comemora por ser o primeiro do ano? Deixa estar, é preferível permanecer assim, a colorir de cor a primeira tela.
Estou confuso. Não sei se escrevo porque é belo estar assim, em plena comunhão com o meu próprio ser, sozinho numa casa repleta de gente adormecida, ou se porque simplesmente necessito de depositar nas páginas parágrafos soltos de palavras embebidas em tinta de amor! Em ambos os casos sinto-me feliz. Sorriu por algo que não sei explicar. Apenas sinto em mim um poder infinito e prevejo que chegam novos momentos de felicidade. Pode ser o acaso, pode apenas ser pura fantasia recheada de desejos e vontades por realizar neste novo capítulo, a certeza não existe, e isto é apenas o que sinto! E o que sei? Um ser infinitamente complexo de atitudes!
Esta casa antiga, desconhecida, serve de palco para esta passagem. E esses sons que por vezes se vão soltando, como que a reclamar a invasão por presenças nunca antes sentidas. Não me assusto! Apesar de estranhos, acolhemo-nos neste deserto que ainda vive lá fora, no silêncio que permanece cá dentro. E abraçamo-nos, sem nos conhecermos. Tocamo-nos numa dança solitária, compreensível, aconchegante… Afinal, não somos assim tão diferentes. O que nos distância são estes poucos anos que tenho, e esses tantos que se perdem que possuis.
Já não existem palavras… Fico assim nas primeiras horas… Num silêncio profundo… Num encontro!

1 comentário:

SilentDreams disse...

Gostava tambem de ter começado o meu ano em paz comigo mesma mas ja sabes que foi exactamente o oposto. ainda bem que estas comigo para me ajudar neste percurso. Sei que ao menos contigo posso contar para o que der e vier. Em relaçao ao texto e a tua escrita acho que ja te dei a minha opiniao e o qu deves fazer, mas tu nao queres -.-

Adoro-te
beijinhos *