sábado, 11 de julho de 2009

Vida Paralisada!

Sinto a minha vida paralisada!
Acabo de encontrar um novo fulgor, talvez uma novidade que precisava para me voltar a sentir vivo e desejado, mas será suficiente? As minhas pretensões são bem maiores e esta nova paixão que experiencio agora não me chega para me voltar a sentir.
Deus, se existe, deu-me asas para voar, mas parece que insiste em manter-me aprisionado a um lugar do qual quero sair desesperadamente. Se está lá em cima a comandar-me, como pode ser tão cego a ponto de ver que quero muito mais que estes horários trocados, esta cama que me acolhe de vez em quando, esta vida estagnada e cada vez mais idiota. Sentado, nada faz? Como pode ser tão insensível vendo-me chorar e nada fazer para me fornecer um sorriso? Não serei eu também merecedor?
Novamente esta noite de estrelas inalcançáveis da minha varanda, estas palavras que me fogem do silêncio, esta lua nova desaparecida, personificada no meu gracejo quase extinto. Até a minha sensibilidade sinto escapar pela porta de casa. Resignado, fumo outro cigarro enquanto esmago a aragem de verão contra a janela do meu quarto.
Paralisada. A minha vida.
Ando por aí a deambular. A viver um dia de cada vez. Tornam-se cada vez mais pesados e insustentáveis de suportar estes dias sem consistência ou qualquer matéria. Só quero desistir. A paciência dissipasse por entre a chuva que vai caindo durante a estação.
Só quero estar drogado. Isolar o meu pensamento numa caixa de Pandora, demasiado perigoso para libertar! O meu pensar obriga-me a exercer o poder de reflectir e eu não quero. Mecânico. Robótico. É o que pretendo. Tenho medo de que volte a tristeza até mim e de me sentir na podridão novamente.
Estou tão farto desta impotência! Desta batalha de solidão. Deste sôfrego que sinto no peito e que ninguém consegue arrancar. Até de chorar, de gritar a minha dor aqui, até disto tudo estou cansado. Parece que já nada vale a pena e que os sonhos de criança são somente isso, sonhos! E que agora a vida é apenas isto, sobreviver a mais um dia, ser o que nos dão e tentar fazer disso o melhor possível. Parece que sou obrigado a viver sem o que almejo para mim e construir tudo de forma diferente. Habituo-me à ideia de que não terei e de que serei um eterno mendigo à mercê das vontades dos que me dão migalhas de merda!
O que me vai acontecer a partir daqui? Como será o futuro? Não pretendo saber.
Embrulhei as esperanças em papel vegetal junto com as minhas lembranças de outrora, aquelas demasiado infantis e inocentes. Ficaram ali guardadas ou pé do meu retrato de quando ainda pensava que iria conseguir vencer e superar as minhas próprias expectativas! Tudo junto numa caixa de cartão debaixo do colchão.
Agora, sento-me neste mosaico frio e desisto. Acabou! Chega de esperar pelo que não vem. Não tenho mais nada para além de um copo meio cheio de vazio. Hoje durmo aqui no chão. Amanhã deixar-me-ei apenas levar. Irei por aí, sem objectivos, sem ideias, sem sonhos. Serei apenas eu e um vazio assombroso no olhar.
Uma vida estagnada!

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