sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ansiedade


Ansiedade. Feroz e inquietante.
Ansiedade. Mordaz e autoritária.
Ansiedade!
Estado de espírito inquieto e que me tira o sono, pesadelo noctívago que me ataca sem piedade, mente que fervilha velozmente perdida entre mil e um pensamentos. Ansiedade. O batimento cardíaco acelerado, a pulsação que corre sem parar, os olhos abertos, cansados, como se esperassem uma qualquer reacção. Esgotado.
O corpo treme, a voz falha, tudo geme.
Os sonhos reinam num reino mal governado, a salvação que tarda em não chegar, e aí, a ansiedade. Sofrimento de quem espera o que não sabe se há-de vir, impaciência.
A alma que se embrulha no fervor desta emoção, a saliva acre de cinzas passadas, pesadas, na língua. O odor carregado que esgota o ar e que me sufoca incessantemente. O espaço que se torna demasiado claustrofóbico e pequeno para o meu ser rendido à esquizofrenia de tentar raciocinar.
Ansiedade?
As crenças vacilantes, os receios, as questões por deslindar. O anseio.
As dúvidas existenciais, a personalidade posta à prova num torneio sem regras ou arbitragem corrupta. O chão que se desfia debaixo dos meus pés, o abismo constante de quem cai, cego, sem tacto. As certezas que nunca são certas, o positivismo ao qual se tenta agarrar com afinco.
Rasgo o tecido que me cobre. De tesoura na mão, corto cada linha que une os trapos que uso para me proteger do frio que nem existe. Despido, nu, intocável. Assim entregue à mercê de quem quiser chegar, de quem quiser esticar a mão, ao desaconchego de uma outra insónia. Uma esmola que não bate no chapéu, uma melodia que ficou presa no acordeão.
Ansiedade… Que me ataca e apedreja numa espécie de batalha que não escolhi fazer parte, numa guerra em que apenas quero paz.