segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Quebrado!




         
        Quebrado. Olho para o chão e vejo o meu corpo quebrado em mil pedaços de vidro. Mesmo assim tento alcançar um, cortando-me. Escorre sangue! Escorrem lágrimas do meu coração. Desgraçado. No chão à espera que alguém varra os cacos do que outrora fui.
        Amedrontado. Agora compreendo de que sou o meu maior inimigo. Quando chorava por não entender o porquê do meu sofrimento, a resposta estava mesmo ali, no espelho que tantas vezes viu as lágrimas escorrerem do meu rosto.
       Quero colar-me novamente e tentar encontrar uma saída mas receio ser incapaz. Como é possível todos já terem seguido e eu nem saber onde começar? Desgraça! Sou a minha própria desgraça. Veneno mortal.
        Sinto-me tão morto. Tão em falta de tudo. Sou um imbecil porque pela primeira vez alcancei tudo o que almejava e agora joguei tudo pela janela fora.
          Não sei se quero ficar. Não sei se quero partir. Já não sei se quero continuar a ser. Estou sufocado na minha própria saliva. O meu comando é cada vez mais mortal e a fuga parece ser a única escapatória! Mas para onde? Sinto que já nada tenho a dizer ou fazer. E para quê recomeçar se nunca chego a terminar? Destruído.
          E afinal de contas existem mãos estendidas prontas a receberem-me no seu colo. E mesmo aquelas que se recolhem agora quando novamente preciso, podem partir porque no fim sou eu que tenho de viver comigo.
           Já vivi guerras que julguei nunca vencer. Já travei batalhas que mesmo derrotado consegui sobreviver, reconstruindo as partes quebradas. Mas esta luta que enfrento agora é algo tão assustador que não sei se consigo sair vitorioso. Como se pode vencer quando o adversário somos nós próprios? Dor!
         Isto é um conflito que me persegue há demasiado tempo. São respostas que necessito urgentemente de encontrar. São perguntas que preciso parar de colocar. São sentimentos que não sei sentir, emoções adormecidas que acordam quando não quero.
         Sou duas pessoas diferentes. Sou duas coisas distintas. Sou um corpo que precisava de ser finalmente reciclado. Mas esta repulsa que sinto por mim agora é vencedora e as saídas estão todas encobertas pelo ódio do que sou. 

2 comentários:

Sensibilidade a navegar com poesias disse...

Parabéns pelo belo Blog...adorei...me visite

ana isabel disse...

é interessante como conseguido mergulhar nas suas palavras. Sinto que sou transportada para uma outra dimensão. Obrigada