quarta-feira, 1 de julho de 2009

Perco-me


Olho o teu retrato nesta noite fria e não consigo deixar de sentir um ardor no peito demasiado feroz para ser suportável. Encaro o teu rosto com coragem e não controlo as lágrimas que vão caindo. Não sei o que me prende ainda ti. Se esta solidão tão vincada que me faz ter saudades do que um dia tivemos, se um sentimento que pensei ter deixado de existir, mas que afinal ainda sobrevive apesar de outros percursos, se algo que somente tu me consegues dar e que eu não encontro em mais ninguém.
Perco-me no vazio que tenho agora nas mãos, nas lembranças que guardo de ti, nos momentos passados, na nossa história que enche todo o meu corpo e que me faz viajar para além do presente. Perco-me nos porquês da vida, nas dúvidas eternas, nos pensamentos de mágoa e tristeza por tudo ter chegado ao fim e de te terem levado para longe de mim.
Não sei se o mais certo é lutar contra a minha vontade ou deixar-me ir numa bravura que desconheço ter ainda em mim. Não sei se é isto que realmente quero ou se será isto que devo fazer. Só queria voltar a ser feliz, contigo a meu lado ou com outro alguém que me conseguisse preencher este vazio que caminha juntamente com a minha sombra! E pergunto-me, se ainda pensas em mim, se ainda te lembras dos meus beijos, se é em mim que tu pensas quando estás nos braços dele. Se também ainda guardas no peito a chama que tivemos acesa um dia. Já apagada?
Suave. A tua pele tão suave. O teu cheiro tóxico e penetrante, demasiado sedutor para conseguir fugir. A tua voz, a tua voz tão reconfortante. O teu sorriso protector. O teu toque... O teu toque tão doce e gentil. E até, o teu silêncio! Sinto falta de tudo! Mesmo do que nunca tivemos e que sonhei um dia poder vir a ter. Não consigo deixar de escapar um pensamento utópico, em que nada disto é real e que o futuro já não se desenha contigo nele. Estarei a sonhar? A imaginar que ainda pode existir uma história para um conto que terminou? Perco-me. Em mim. Em ti. No que fomos.
Fecho o álbum de recordações e encosto a cabeça na almofada. Agora que enxuguei as lágrimas, vou adormecer. Quem sabe amanhã o tempo trará as respostas de que preciso, com a tua presença aqui ao meu lado dizendo-me que não sofro sozinho. E só queria despedir-me de ti num abraço profundo. Numa perdição perdida.

2 comentários:

ana isabel disse...

os teus sentimentos estao expostos de uma forma muito clara. o texto arece mesmo o espelho do que és. consegues escrever muito bem.só tenho pena se for mesmo verdade o que escreves porque parece ser muito triste.

Filipe Fernandes disse...

Obrigado Ana Isabel.
Siceramente é óptimo receber opiniões como a tua, dá-me mais alento pra continuar a partilhar os meus sentimentos e as minhas palavras!

E de facto sim, são reais, apesar de tristes, tudo o que escrevo é o reflexo do que sinto, do que vivo. A única alteração é o tempo de cada texto, que pode ser algo do passado como do presente.

Obrigado uma vez mais, e espero que continues a acompanhar os meus parágrafos, quase diários.

Um beijinho.
Phillipe Pereira Fernandes.