sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Solidão!


Solidão.
Terrível e dolorosa solidão.
Sentado, escutando o silêncio da minha existência, sinto-me preso num sufoco talvez criado por mim. Nada ao meu redor. Um nada vazio, preenchido de ausências.
Solidão.
Aquela que se arrasta com o passar do tempo. A que permanece num crescente assustador, demasiado real para ser invisível. Rodeado de pessoas, cada vez me sinto mais só. E um a um, vou afastando todos aqueles que sempre estiveram presentes, de mãos esticadas prontas a amparar-me.
Solidão.
Entrego-me. Não quero combater mais. Não quero mais guerras onde o final é sempre igual. Cedo o meu território sem pedir nada em troca. Gentilmente vou deixado o inimigo desbravar o meu campo, indefeso, coberto de uma aragem pesada e doentia. Sentado. Aqui sentido as ervas secas que outrora estavam pintadas de verdes e laranjas, de cores garridas e bonitas.
Solidão?
Mais que nunca!
Cercado de gentes que se distraem com os seus caminhos, não quero saber de nada nem de ninguém. Permaneço assim, dissimulado, empenhado em que tudo perca o seu sentido para ficar assim, só.
Solidão. Forte. Vencedora!
Sinto-me cada vez mais fraco. Doente. Preso a algo que já nem questiono o que é. Já não quero saber de dúvidas, de questões, de me encontrar, do saber. Quero estar assim, a deixar de andar por vontade, mas por favor e porque não posso permanecer todos os dias entregue ao aconchego da minha cama. Fingindo, levanto-me diariamente e continuo o meu destino, como se eu próprio soubesse para onde vou.
Solidão. Mascarada com um sorriso. Cegueira graciosa e palhaçada dos invisuais que me rodeiam e que não me percebem! Sempre fui um bom actor!
Solidão! Entrego-me a qualquer um. O meu corpo vai e dá-se a quem quiser aceitar, apenas para colmatar a falta que sinto e que não consigo resolver por não ter mais força. Por momentos, sou de alguém, não sendo nem de mim próprio. Como se o meu corpo estivesse possuído por uma entidade que desconheço o nome e que me comanda sem a minha permissão. Ou terei já eu assinado o contracto de aluguer deste corpo defecado por falta de beleza?
O espelho. Mostra-me a minha solidão. O meu reflexo nas águas turvas deste rio que passa nos meus pés deixa-me ver o que na realidade hoje sou. O reflexo de um sonho que não se realizou e que será eternamente isso, uma utopia!
Solidão.
Sou teu. Eternamente! Não vou lutar mais pelo que não está destinado a ser.
Desisto!

3 comentários:

Anónimo disse...

A besta cabrona encarnou em ti...
beijinho no mindinho seu rameloso

LetrasAlinhadas disse...

Gostei bastante, e revejo-me em algumas coisas que escreves. Um abraço!

Carval disse...

Retratastes a solidão muito bem.
Espero, espero mesmo, que se torne forte para que a venças logo.

Abraços bem brasileiros!!!

Carval