sábado, 31 de maio de 2008

Conto de fadas que caiu no precipício (Parte IV)


É este o fim! Acreditei num arco-íris que não existia. Quis pensar que conseguia chegar lá, onde tudo pode acontecer, aquele lugar mágico, encantado, mas foi tudo uma mentira vazia.
Fui estúpido! Um verdadeiro idiota até. Não me devia ter iludido desta forma tão inocente e infantil. Sabia desde o início que isto podia não dar certo, mas insisti em magoar-me e agora tudo o que me resta é esta nuvem de pó que sopro das minhas mãos.
Sinto-me enganado, mas também ninguém me prometeu o mundo. Apenas oiço constantemente a promessa de luta, de alguém que ia lutar pela nossa felicidade, para que tudo desse certo. Mas todavia, a única coisa que irá resultar é esta amizade que não pretendo! Não por agora.
Será que não entendes que estou apaixonado por ti? Que idealizei uma história para nós? Que tive esperanças e desejos… Precipício… Caiu num abismo que já me conhece!
Neste momento queria não ter coração. Estar isento de qualquer sentimento, e prosseguir como se nada tivesse acontecido, mas é impossível. Não sou tão insensível a esse ponto, não quando o que sinto é demasiado forte para me permitir esquecer.
Porque é que não tentaste? Podia fazer-te tão feliz… Tinha tanto para te dar! És um cobarde. Ou eu é que sou demasiado masoquista…
Ainda sinto o teu cheiro, vezes perdidas que me fazem sentir sufocado numa respiração soluçada pelo meu choro. As lágrimas que me caem sem que ninguém as agarre, e não quero que a noite chegue, não quero ficar sozinho outra vez, tenho medo de me perder no meu sofrimento… Agora tudo o que me resta é a vida que tinha. Os objectivos que tenho voltam à mesma redundância. A rotina… A falta de amor… Os casos de uma noite… E amanhã? Não haverão mais amanhãs! A solidão…
Não pretendo regressar aos lugares comuns em busca do que sei que não irei encontrar. Não me quero iludir novamente com os conhecimentos passageiros, demasiado velozes para um pouco mais que esta noite! Quero que me conheçam. Ser descoberto. Quero que gozem dos prazeres do meu corpo, mas não somente isso. Quero que o façam com um sentimento para além de se saciarem de uma forma egoísta.
E perder-te significa retornar à casa da partida.
Fecho agora os olhos e é a última lágrima que cai! Não vou permanecer sentado no meu quarto a lapidar o teu afastamento nas paredes. A tua falta de tentativa tão distorcida. A tua falta de capacidade de amar. Vou encarar a realidade e fazer dela bolinhas de cuspo com papel para mandar contra o quadro. Aprender com o passado para ser feliz! Ou pelo menos tentar.

“ E no fundo não foste estúpido, foste um mentiroso, que é pior! Para ti próprio, para os outros! ”

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