segunda-feira, 26 de maio de 2008

Conto de fadas que caiu num precipício!



A tua imagem reflectida no meu peito. Este sentimento que não consigo explicar. A certeza de que és tu quem não me sai do pensamento. A relutância da entrega por receio de sofrer. Este corpo que vai até ti, sendo teu, que me paralisa a consciência fazendo-me sentir impotente.
Não sei qual o destino desta viagem. Desconheço se fico na próxima estação, sozinho, à espera da chegada de outro comboio, ou se prossigo assim, docemente sentado ao teu lado, sentido tudo o que tens para me dar. A única verdade que conheço neste momento é a de que gosto de ti, e que não te quero perder! Preciso de desvendar o véu que te envolve, saber reconhecer o toque da tua mão na minha pele, escutar as tuas palavras e deixar-me levar na sua envolvência. Quero os teus beijos repetidos vezes sem conta. Escutar o teu riso por entre o silêncio. Mergulhar no teu eu, e ter a certeza que nós podemos existir, uma segunda pessoa do plural que faz com esqueça toda a solidão e tristeza que senti até então.
A tua chegada. Esta mudança que vivo num limbo consciente. Ora quero entregar-me de mãos abertas e não temer o que há para lá do muro. Ora recuo três passos, e fico assim, agachado no meu canto, sentido o coração apertado a recordar as desilusões que já sentiu. Não quero reviver tudo o que já passei. Não quando sinto que desta vez o meu sentimento é diferente, é verdadeiro.
Sinto que contigo tudo é diferente, que posso ser quem sou, que não necessito de talhar um ser para te cativar, porque se assim fosse necessário, o adeus seria instantâneo. Permites-me usar tudo o que tenho em mim, e fazes com que a palavra sinceridade ganhe um novo sentido, o da libertação! E tudo isto é novo para mim, toda esta sensação de estar ao lado de alguém que me vai completando como se de um puzzle nos tratássemos,
Quando estou a teu lado consigo esquecer todos os meus fantasmas. Respiro fundo e inspiro um ar puro que me rejuvenesce. Sei que me estou a entregar demasiado cedo, que tudo o que sinto é muito para este pouco tempo que passou. Conheço o risco em que me estou a colocar. Mas que posso fazer? Não consigo enganar-me a ponto de fingir que não sinto o que sinto.
Gosto de acordar e saber que estás aí. De me levantar e receber uma mensagem tua. Do deitar, e desejar uma boa noite. Do saber que a noite nos vai acolher, e que é contigo que eu vou sonhar. Tudo isto é o suficiente para me fazer sorrir, para me fazer chorar de alegria.
Tenho medo. E quem não tem? Mas não posso ficar eternamente agarrado a este feitiço paralítico. Preciso de arriscar, de me deixar levar cuidadosamente nos raios deste novo amanhecer.
Não quero ditar demasiadas palavras a teu respeito. Não para já, quando ainda acabamos de conceber este feto tão frágil. Mas não posso deixar de pensar que contigo, seria capaz de escrever os mais belos textos de amor… Mas pacificamente, com cuidado, com pezinhos de lã, vou calcando esta rua que me vai encantando à minha passagem. Serei agora capaz de escrever parágrafos sem esperanças, receios ou mágoas, para deixar sílabas conjugadas a reflectir uma felicidade verdadeira?

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