quarta-feira, 1 de abril de 2009

Nada



Bolas! Sinto-me tão oco! Tão sem inspiração. Tão nada.
Só queria parar de deambular por esta casa e passar a mão por cima da mesa para tirar este pó! Sinto-me mais madeira que este roupeiro, mais bibelot que a gueixa tímida que está no móvel. Como um tapete onde todos limpam os pés antes de entrar, e ninguém me sacode. Ignorado.
Não quero parecer ingrato, sei que também sou uma espécie de Branca de Neve dos tempos modernos e que tenho os animais da floresta prontos para virem em meu auxílio. Mas acho que provei a maçã envenenada e estou num sono profundo, num pesadelo que não termina, e nenhum príncipe me vem beijar para me despertar!
E este estado que me faz sentir tão pequeno, tão partícula. Sei que sou apenas mais um grão de areia na imensidão deste universo, mas nunca tive tanto nojo de mim próprio, nunca desejei tanto explodir e renascer, alcançar o que tantos outros grãos possuem sem trabalho.
Entre tantas certezas que construi, agora já nada faz sentido. Deixei de me compreender, de perceber a raça humana. Está tão difícil de ler nas entrelinhas, deixar de ser um mero peão nos jogos dos outros. Se pelo menos algo me fizesse sorrir verdadeiramente. Se algo se mostrasse suficientemente verdadeiro para eu voltar a acreditar. Mas nada!
Sinto-me um tolo. Um parvo, um idiota até! Conseguir construir histórias a dois, surreais e vividas a um. Não consigo criá-las no papel, agora, mas insisto em vivê-las, numa esperança vã de se tornarem realidade. Sou tão ingénuo que chego a recriar a sua definição.
Tenho medo de me tornar amargo, de ficar cada vez mais frio e distante. De deixar de acreditar! A cada dia que passa esta descrença vai ficando mais forte e sinto-me a esvaziar , a deixar o meu coração correr com a maré, a ir desaguar longe de mim. E nada! Nada muda, nada acontece.
Continuo a ser o mesmo adolescente de 14 anos que ainda sonha que ele um dia virá montado no seu cavalo branco pronto para me salvar. Mas esquece, sabes perfeitamente que esse momento não te pertence. Rebento! E depois disso? Nada...

4 comentários:

Peter_Pan disse...

A eterna historia do cavalo, va meu querido nao vamos deixar que as historias de banda desenhada e de filmes infantis se tornem nas nossas histórias, a nossa complexidade nao permite destinar o que nos vai acontecer... portanto e como tu mesmo dizes, carpe diem, agora e sempre... e quando deixares de pensar nesse cavalo, nesse cavaleiro, nessa maçã, ai sim talvez consigas ver ao fundo uma luz branca com a forma de um animal e talvez em cima dele venha o cavaleiro que tanto esperas...

Peter_Pan disse...

E quanto ao facto de te sentires vazio e que nao andas ca a fazer nada, eu sinto isso mtas vezes por dia, mtas mtas vezes... mas heis que tu apareces e tornas o meu dia ainda mais solarengo, portanto nao quero e nao te vou admitir tristeza porque eu estarei ca, com as minhas aprvoices os meus dilemas, que fazem rir a pessoa menos sorridente... =) gosto-te. Beijos***

Samuel Pimenta disse...

sabes... é estranho ler o que escreves... e queres saber porquê? por vezes parece que me estou a ler a Mim, e não o que escrevo, mas sim o que trago comigo...

AFSC disse...

Percebo-te tão bem!!! No entanto, continuar a sonhar, apenas com mais pés nos chão..tudo isto faz parte do crescimento. Um abraço.