segunda-feira, 13 de abril de 2009

Voo até...


Deito-me, fecho os olhos e respiro fundo. Por momentos vou para além de mim. Desloco-me para fora do meu corpo e consigo ver-me deitado, despido, vazio. A minha alma voa por ali mesmo, às voltas no meu quarto. Tenta ver-se ao espelho, mas é incapaz, falta-lhe o corpo morto na cama. Decido sair então. Liberdade!
As luzes apagadas, o mundo às escuras. Nem um movimento ou qualquer som ao meu redor. Estarei sozinho? Ou simplesmente me encerrei? Limito-me a ver passar o chão por baixo dos meus pés, não lhe toco mais. Sinto-me voar num compasso trémulo e a medo.
Como que numa viagem estranha e nova, vejo passar a cidade, as ruas, as árvores que não se movimentam por inexistência de vento. Um mundo que parou e dorme em uníssono. Vou até ao litoral e sigo em diante até um destino que ainda não percebo qual é.
Respondo a uma necessidade que não entendo porque existe, já. Sigo algo que não sei dizer porque está aqui. Sei apenas que sigo o instinto e deixo-me ir. Vou numa fantasia que agora não quero destruir, numa acreditação que não quero que deixe de ser real. Sigo uma linha ténue e que se vai construindo com a passagem dos dias. E deixo a palavra não exactamente onde está para não me sentar e cruzar os braços uma vez mais.
Ao chegar percebo onde estou, o que faço ali. Encho o peito de ar e entro. Sei que estou a ser um invasor, que entro em propriedade alheia, que não devia ali estar, mas é mais forte do que eu. Quero ver. Quero sentir. Explicar se sinto o que sinto ou se é apenas mais uma mentira em que quero acreditar por não querer estar só. Volto a fechar os olhos, e choro. É verdade.
Saiu rapidamente, fecho a janela delicadamente e volto para casa. Não posso voltar a fazê-lo. Só me resta aguardar e esperar que as respostas cheguem até mim. Anseio para que o tal não se transforme em um sim, também é a minha verdade!

3 comentários:

Samuel Pimenta disse...

Mais um excelente texto... mais uns minutos que dediquei à leitura de linhas com tanto sentimento... É bom saber que ainda existem pessoas que escrevem sobre "o sentir", pessoas que, numa sociedade tão sem conteúdo, se elevam das multidões e gritam o que lhes vai no peito. Continua a "gritar" assim, continua a elevar-te assim da multidão, pois a Liberdade é o teu estandarte!

;)

Peter_Pan disse...

profundo senhor filipe, mto profundo... =) quero-te ver...

SilentDreams disse...

SImplesmente lindo! porque tu como ninguem consegues escrever o que sentes, sem medos do que os outros possam pensar, es lindo, especial e muito talentoso.

sabes que te adoro e adoro a forma como transpões as coisas para o papel.

j´taime *