terça-feira, 2 de junho de 2009

Adeus memória constante


Sinto o vento bater-me no tronco nu com delicadeza. Estes dias de sol passados na praia abrem-me o apetite para o sentimentalismo e chego à conclusão inevitável de que é chegada a hora de te largar aqui, onde o mar se enrola na areia e leva os meus problemas para longe.
O oceano está forte aqui, assim como a revolta que possuo no peito pelos constantes dissabores que me são oferecidos numa bandeja de prata. Encaro-o sem medo da mesma forma que enfrento o que deixo aqui hoje a boiar numa garrafa de vidro. Sei que é chegado o momento de arrumar o luto e voltar às cores alegres que me caracterizam. Percebo que nada posso fazer e que é impossível fazer acontecer o que não está destinado a ser. Uma lágrima que cai e sei que é a última!
Encho a mão de sal e levo-a à boca habituada a receber o agressivo sabor.Volto a sentir o vento e permito que este me limpe a alma, em perfeita harmonia com a natureza, porque no fundo somos um só. A partir deste momento seco a minha dor abandonando-a clandestinamente. Volto a vestir a fortaleza e sigo caminho deixando as minhas pegadas para trás. Nunca esquecerei, mas também não será memória constante!
Adeus.

Sem comentários: