Quando chegares até mim, já eu estarei num estado de alucinação, carregado de alucinogénos. Estarei embarcado numa viagem pintada de espaços próprios, meus, num tempo de um passado, de um agora que é esta continuação por um mundo de luzes, cores e sons.
Quando chegares vais encontrar-me no meio da pista, envolvido no meu silêncio remexido, adocicado da música alta que estará a tocar no momento. Não repares no meu olhar, nem esperes que te diga algo, estarei demasiado embrenhado no meu sussurro drogado.
Quando chegares, junta-te a mim! Vem experimentar esta nova sensação de estar não estando. Vem colocar-te onde muitos estão diariamente. Vem tocar ao de leve, este colóquio sobre o caminho momentâneo. Vem sentar-te nos meus braços e abraçar-me para sempre, como se a fome no mundo não importasse realmente!
Quando chegares… Não interessa o tempo que levas, só pretendo ver o que trazes. As horas agora já não têm relevância e apenas pretendo pernoitar para lá do imaginário, para longe das montanhas de gelo, para dentro de uma nuvem que não existe. Deixa este momento prolongar-se. Deixa de pensar e deixa-te levar.
Droga! Já é de manhã! E que importa? Coloco os óculos de sol e contínuo a marchar por entre flores de alcatrão. Deito-me em ondas de sujidade e nem reparo se sujo as calças amarelas, as coisas deixaram de ser significantes para ganharem uma insignificância perturbadora. Amanhã penso nas dúvidas existenciais! Por agora quero continuar de pé a receber o calor no meu corpo, a olhar em redor e não perceber a realidade. Pego na minha mão e volto a enchê-la de droga… ainda não chega!