sábado, 7 de março de 2009

Carta


Queria dar-te uma carta.
Escrever doces e meigas palavras. Fazer-te sorrir, embalar-te em cada vírgula.
Expressar o que sinto, ou julgo sentir.
Queria dar-te uma carta.
Uma folha de papel, escrita com tinta permanente.
A minha letra nua e autêntica. A creditação.
Queria dar-te uma carta.
Guardada gentilmente num envelope branco.
Um segredo ou vários, eu e tu, ali ou aqui,


Quis dar-te uma carta.
Não sei se este presente pode ser futuro.
Desconheço o paradeiro do tempo, meu e teu.
Uma carta.
O teu pensamento. O meu sentimento.
A verdade despida, a verdade que nos engana, uma mentira que acredita.
Afinal nunca houve carta.
Nunca houveram palavras. Nunca houve um nós.
Houve um agora, um ontem, um eu sentado a escrever cartas a si próprio.
Não precisamos de cartas.
As palavras são morte, a nossa boca a arma.
Os olhos cegos, a garganta seca pela utopia!
Carta.

1 comentário:

AFSC disse...

Parabéns pelo blog, gostei bastante.

Mesmo sabendo que não me conheces muito bem, deixo-te aqui um desafio para este meu post:
http://nimpossibleprince.blogspot.com/2009/03/pois-e-aqui-diz-que-fui-desafiado-por.html

continua com este excelente blog.
Big Hugs*