quarta-feira, 17 de junho de 2009

Mudanças, onde estão?


Preciso de descarregar a fúria com que acordo diariamente, esta revolta arrebatadora e tão dolorosa que me torna pequeno e insignificante. Quase que chego a lacrimejar pérolas de sangue, quase que o meu corpo se torna em algo irreconhecível e tenebroso. Preciso de expelir a tristeza que trago no peito, os sentimentos que me deitam para baixo quando tento erguer-me no meio da escuridão. Preciso de revolução, de mudanças, de seres que não chegam, de gestos que fogem no meio da neblina, de reacções, de atitudes, de portas e janelas escancaradas com o vento! Quase que me perco, quase que já não sei quem sou, quase que desvaneço por entre a multidão, quase que só me deixo a boiar dentro da minha banheira de sal.
Que faço se o reflexo que encontro no espelho me mete nojo e entedia? Que faço se me sinto aborrecido e a perder-me na imensidão das estrelas? Que faço se já deixei de lutar porque perdi as forças? Raiva, raiva, raiva. Uma pitada de perturbação. Retiro um milhão de sorrisos e eis o meu resultado. Igual a lixo que espera impaciente por uma reciclagem que não chega!
Cheguei? Onde? Ao fim desta etapa interminável? E agora? Qual é o próximo passo a dar? O que vem a seguir? Meio ano paralisado não é suficiente para brincarem aos fantoches aí em cima? Que pretendem de mim? Que provação me querem dar? Que perguntas ainda têm para me oferecer durante a noite que eu ainda não tenha colocado? Preciso de uma espingarda para matar este cordel invisível mas pesado!
Mudanças, mudanças, mudanças! Onde estão? O GPS ficou sem bateria e agora não conseguem encontrar a minha morada? Sentado no sofá, bebendo outro copo de vinho, fumando mais cigarros dos que os que tenho, aqui jogado com a almofada que me amacia a coluna. Limito-me a estar, deixo de ser...
Não peço demais, sei que não. Só peço uma solução e não me ouvirão a reclamar novamente. Só preciso que me dêem algo a que me agarrar e a partir daí seguirei o meu caminho honestamente e com garra! E não me interpretem mal, não me dirijo ao amor, não é dele que preciso agora, não é um outro sofrimento em cólicas de dor que pretendo. A minha dose anual já foi tomada. Falo de realização, de sonhos perdidos que se escondem com vergonha de terem sido deixados para trás porque ninguém para além de mim lhes estendeu a mão. Falo de objectivos que tive e que persisto em tentar ter apesar da crise que se instalou à minha volta como uma muralha inquebrável. Falo de mim, do meu espírito envolvido em teias de ocupação, em horários preenchidos. De uma alma cansada por chegar ao final do dia em êxtase por ter tido mais um dia que valeu a pena. Falo de mim... do projecto que construi e que aguarda confirmação de construção! E a esperança que me dizem para ter? Dessa já pouco vejo a sombra...

2 comentários:

Carval disse...

É meu amigo...
Apesar da distância, e muita distância, parece-me que temos muito em comum. Afinal, os Sentimentos são universais, o amor é amor em qualquer parte do mundo.

Inúmeras vezes tenho escrito sobre mudanças também, as que preciso em minha vida, mas acabo voltando e batendo na mesma tecla toda vez.
Por isso nos entristessemos...

Mas quer saber! A vida é feita de experiências, e mais cedo ou mais tarde o que almejamos acontecerá.

Boa sorte e muito sucesso à nós!

Um grande abraço!

Filipe Fernandes disse...

É verdade!
Contínuo a acreditar que um dia será o nosso dia!

Obrigado pela visita.

Outro forte abraço*