domingo, 16 de dezembro de 2007

Esperando por ti...




Esperando por ti, aqui nesta cadeira, nesta mesa, neste café por entre tantos, escolhido por ser um lugar comum. O ponto de encontro!
Esperando por ti. Um cigarro.
Esperando por ti, reparando sempre nas horas, olhando constantemente para o telemóvel que não toca, uma chamada tua que não chega.
Esperando por ti e este sufoco que se transforma num nó pesado, metálico, quase forca quase morte.
Esperando por ti. E o sol brilha tentando aquecer um frio que se instala lá fora, cá dentro.
Esperando por ti. Tocou! Corri para ver, ânsia cruel. Não eras tu… Onde andas? Espero por ti… Na companhia de uma folha de papel, caneta e esta música saborosa, suave, quase melancólica. E mais um cigarro.
Esperando por ti. Surgem as questões! Será que devo esperar? Será que aconteceu algo? Por onde andas? Será…? Logo agora que não tenho forma de te contactar.
Esperando por ti. Quase grito! Mas tento manter calada a voz, soltando-a em breves palavras esbatidas neste pedaço branco e traçado. Forma de expressão constante, amiga.
Esperando por ti!
Ainda continuo aqui, onde era suposto estares. Ponto de encontro. Mas tu não vens… E eu aqui!
Esperando por ti, esta porta que se vai abrindo trazendo para dentro o frio que se sente lá fora e que me toca, compreendendo-me, igualando-me.
Esperando por ti. Torna-se difícil esperar.
Tocou! Eras tu. Afinal estás aí… e não aqui! Aviso de que virás mais tarde, onde fico novamente à tua espera. Novamente…
Esperando por ti! Cansa-se a dor, canso-me deste cansaço constante, desta complexidade que não me deixa raciocinar.
(Esperando por ti.)
Fraquejo por não saber se serei capaz. Atormentam-me as dúvidas. Perdido, à deriva, como quem chama por mim sem ter uma voz familiar.
Esperando por ti! E a cidade através do vidro continua no seu movimento, na sua rotina de hoje, igual à de ontem. Ninguém espera por mim. Ninguém espera comigo! Sozinho aqui, esperando por ti.
Esperando por ti, repito-me como que num reflexo constante do que faço, delimitando esta leitura. Sim espero por ele!
Mais um cigarro.
Escuto o céu…
Esperando por ti. A pausa foi demorada. Alongada pela tentativa de criar uma montagem, um seguimento nesta história que podia ser como outra, mas não é! É desta. É o que se vive agora. Real. Presente e sabida. Vivida.
Esperando por ti! Ainda não estás aqui e vão voando os minutos que se transformam em horas porque um dia assim alguém o quis. Mas afinal quem fez o tempo? Só serve para nos fazer esperar.
Esperando por ti. E começo a desesperar. A entrar em conflito. A arrancar esta camada que protege os meus músculos. Vem, por favor! Faz-me acreditar que vale a pena esperar, que serei feliz e que tudo acabará por se transformar numa meiga vitória. Uma lágrima que cai… e é a última!
Esperando por ti, tanto por fazer, tanto para batalhar e construir. Quero acreditar que este tempo não é desnecessário, perdido. Quero acreditar que valerá a pena esta espera penosa que me cansa e me coloca à prova.
Esperando por ti. Preciso de ti aqui, mais do que nunca! Não entendes que me sinto a desfalecer? Não vês que começo a ausentar-me? É tudo tão novo e já me sinto a escapar. Obrigo-me a não desarmar, a continuar, a esperar.
E se espero por ti! Tanto que quase fui eu que defini e criei a espera. Quase que crio o tempo. Desespero e prendo a fonte que se criou no meu olhar, não por vontade, mas porque aqui nasceu. Porque me sinto perdido? Porque não sei o que fazer.
Esperando por ti. Na esperança que venhas num embalo de luz. Que com apenas um sorriso me faças esquecer tudo isto. Apagar esta espera da minha mete, ficando apenas guardada na minha caixinha de recordações.
Esperando por ti… Nem um sinal de ti! E as músicas que se vão repetindo, o braço que reclama por descanso, este lugar que se torna irritante. Estas vozes que se transformam em pedras nos meus ouvidos. Tudo isto que começa a perder o encanto… Pensar que sorri como num sonho quando aqui cheguei! Mas agora já é tudo pesado. Simplesmente porque espero por ti…
Esperando por ti. Já não sei se espero porque sou sádico, se para vislumbrar o terminus de tudo isto! Porque espero? Por amor? Por vontade de estar contigo? Mas como se já nem isso para mim faz sentido. Se pelo menos viesses, já estavas. Podia tentar resolver o que sinto e não sinto. Podíamos escutar-nos, tentar sair daqui.
Esperando por ti! E era hoje que talvez se pintasse algo neste quadro. Mas tu não vens…
Esperando por ti! E por ti me alongo aqui, me adianto tanto nas palavras. Que fazer? Não vens, não paro, o sentimento cresce, sente vontade de expor-se assim ferido, sem sentido!
Esperando por ti! Quantas horas? É tarde… Não vale a pena insistir. Desiste quando tudo já não existe. Chegou o momento. Investe apenas no que vale a pena e se não valer, valha-nos a aprendizagem!
Esperando por ti? Já não…
Não esperes por mim agora. Não quando me tiveste e não me valorizaste! Fui teu… Mas não foste meu…
Esperei por ti!

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