sábado, 8 de dezembro de 2007

Presente Modificador



Um mero olá, uma simples mensagem. Um visionamento perspicaz, uma aventura que se descortinava. Sem querer querendo, um desconhecido conhecimento aveludava-se de um coração abandonado que se julgava frio e inexistente.
Será tudo verdade, ou uma mentira que apenas pretende mudar de vida e colocar uma máscara? Nada é certo, nada é seguro. Apenas existem humanidades que se igualam e que procuram o mesmo fim.
A busca era semelhante, mas o receio constante. Uma luta feroz, uma dualidade de desejos. Um campo de batalha armado, uma guerra por fazer, que de santa nada possuía.
E é hora de perguntarmos se os passados nos movem, ou se apenas nos prendem quando queremos avançar. Nessa altura fica então pendente uma felicidade imaginária que apenas queria ser real e que em segredo chora escondida por entre a cega multidão!
Agora o relógio não pára, os dados estão lançados, o jogo tomou a sua partida e somos dois viajantes no que se julga ser a vida. Estamos em teste, numa onda perigosa, numa curva retorcida, num carrossel que vai girando conforme a disponibilidade.
Mas é tão doloroso este sentir, que chego a perguntar se valerá a pena rebentar as amarras do teu coração e querer uma felicidade tua, que é somente uma miragem minha. Sei que estás aí, que me queres, que sentes o que sinto. Estamos ambos no mesmo projecto idealista de uma pintura impressionista, mas sinto que a qualquer momento, pode o pintor mudar o rumo da criatividade e alterar o quadro que se julgava de dois seres, para surgir uma Mona Lisa que apenas olha para quem para ela olhar.
Tenho a certeza que tudo isto irá ficar ancorado na minha existência, pois foste tu que me fizeste mudar uma maneira de ver e agir. És tu que me fazes acreditar diariamente nas histórias banais de amor e verificar que essa banalidade vem apenas de quem não sabe que existe um amor, lá fora, próximo de nós, à beira de ser agarrado.
E se me perguntarem se não é tudo demasiado repentino, se não estou apenas a deixar-me levar por uma carência de sempre, vou apenas responder que até ao dia em que os nossos lábios se tocaram, eu desconhecia o que era desejar alguém sinceramente, o que era um simples beijo, o que era estar apaixonado. Sentir o coração disparar somente por as nossas mãos se terem sentido
Sim, amei, demasiado até! Mas foi tudo um erro. Uma amizade que pertence ao passado, que foi destruída e consumida por um amor singular, que só de mim fazia parte. E é esta tua chegada que me faz perceber o que eu afastava incessantemente. É possível alguém estar apaixonado por mim e eu retribuir tal belo sentimento.
A paixão já atraiu muitos amantes para o meu regalo, mas foram apenas momentos carnais passageiros, sem nexo, confusos. Foste tu que transformas-te o meu Mundo, a minha personagem. Não negues agora se te responsabilizarem por ter nascido uma característica que se julgava incapaz de surgir. Sou hoje metade do que fui, nada do que serei.
É este o último grito do meu coração, a última palpitação. Amanhã podes já não estar aqui, nesta aura. Mas ficarás marcado e vinculado nas minhas veias, que irão transparecer o teu rosto.

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