terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Esplanada do Chiado




Esplanada do chiado! Sentimento que aflora a pele, que me acaricia, me aperta e sorri. Aconteceu o despertar, a superioridade do sentido feroz de quem se tinha perdido algures, onde termina o arco-íris.
Poucas árvores, vegetação quase ausente. Uma escada exterior que me dá a sensação de elevação espiritual para um infinito desconhecido. Guia-me através do invisível, para um alento surreal, e quem sabe até, inexistente... Sei que estavam, reais, um toque! Para onde? Descobrir incapaz fui....
As pessoas passam e trocam olhares num sussurro inaudível, embora perceptível pelos pássaros que nos divertem com voos fugazes. Outras tantas, chegam e ficam. Onde desfrutam de uma pausa acompanhados quer de si mesmos, quer de seres que se foram acrescentando à própria existência.
A educação chega à mesa quando a empregada nos serve o chá de caramelo e baunilha. O doce aroma perfuma o ar que até então permanecia lisboeta. Inunda as narinas, criando festas ao estômago que festeja tal doce néctar. Aqui começa um momento, outro tanto, que era nada mais que uma saudade.
Conversas. Desabafos. Histórias. Duas vidas. A abertura é alargada e um ano, resumido em três horas. Impossível? Sem poder não há querer.
Regressam os carros, as passagens. Monstrengo amarelo defronte a um toldo que para cobrir, já não servia. Pessoas. Música ao fundo. Sussurros.
Tão junto do holocausto sonoro de uma cidade que causa impacto, e tão surdo este rebuliço tipicamente popular. Calma maresia que ao chegar nos transforma e amarra.
E eis que a noite se aproxima. O relógio marca hora aceitável. Mas ainda há tempo para mais. Ainda há tanto por dizer e contar. Por sonhar e divagar. A Felicidade! Ambos aqui. Felicidade! E misturam-se cores no horizonte, onde o céu nos serve de tela de mistura de aguarelas, de cores imaginárias. E misturam-se conhecimentos aqui neste passeio público, onde poucos ficam, onde poucos julgam perder um tempo. E misturam-se línguas...
Regresso. Sorriso estampado nos lábios. Olhos brilhantes. Paixão!
Tão curto e tão puro. Amizade aqui esbatida tão ferozmente confundida com um outro tipo de amor. Amamos sim. O que somos, o que se assemelha que seremos. O futuro é incerto. E afinal, há coincidências? Nós sabemos tão bem que não... Sonhos.
De volta ao passado, neste exacto momento. Quem diria?
Mudanças. E esta esplanada tão igual à de sempre, mudando apenas este elenco que pára e segue, por razões tão diversas e que podem até ser iguais às nossas.
Porquê parar aqui? Sossego, ou apenas o forte motivo da tal companhia que não somos nós próprios? Descontrai. Relaxa e repensa. Valerá a pena tal correria por essa estrada fora e não desfrutar destes pequenos prazeres? Vai à aventura. Arrisca, não tens nada a perder. Se for um risco, vem até aqui, esplanada da vida onde corpos se acumulam numa memória de ninguém!

1 comentário:

Ana Catarina Neves disse...

Um ano depois e quse de volta a essa esplanada, releio este texto e lembro me de (quase) cada pormenor dessa tarde.
Obrigada.
Foi bom, mto bom... E sei que vai ser bom, mto bom, voltar a esse palco! Muitas mais histórias se avizinham!... ;)
Adoro te com a força da Alma!
Beso